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CASCA D'ANTA

  • 3 de fev. de 2008
  • Danilo José Soares Marques


























  • CASCA D'ANTA
    Nos limites do Parque, onde nasce, o rio São Francisco percorre cerca de 14km até atingir a escarpa da Serra da Canastra, onde forma sua primeira cachoeira, a Casca D'Anta. O nome Casca D'Anta vem de uma espécie de árvore conhecida popularmente como Casca de Anta (Drymis brasiliensis) que antigamente ocorria nas proximidades da cachoeira.
    Com uma queda de quase 200m de altura, é uma das mais altas do Brasil. Na época das chuvas mais intensas, de dezembro a fevereiro, o barulho da cachoeira pode ser ouvido a quilômetros de distância, enquanto que na época da seca, de julho a setembro, o volume de águas diminui bastante.
    "Embrenhamo-nos na mata e dentro em pouco começamos a ouvir o barulho da cachoeira. Pelas informações que me tinham dado havia poucos instantes, eu sabia que ela se despencava do lado meridional da Serra da Canastra. De repente avistei o seu começo e logo em seguida pude vê-la em toda a sua extensão, ou pelo menos o máximo que podia ser visto do ponto onde nos achávamos. O espetáculo arrancou de José Mariano e de mim um grito de admiração." (Viagem às Nascentes do Rio São Francisco, Auguste de Saint-Hilaire, 9/4/1819)
    A cachoeira Casca D'Anta é, sem dúvida, a principal atração do Parque. Para quem chega pelo lado sudoeste do Parque, principalmente pela serra da Babilônia, ela é avistada de grande distância. Mas quando se chega perto a sensação é indescritível. Alguns gritam e outros, acredite, soltam lágrimas de emoção. Fotogênica, é fotografada a todo instante. É realmente um espetáculo da natureza.
    Poucos se atrevem, mas mergulhar e nadar no seu poço da parte baixa é uma aventura imperdível. Não existe perigo de ser arrastado pela correnteza pois ela é fraca e as pedras por onde continua o rio protegem qualquer distração. Deve-se ficar mais atento quando o rio fica mais cheio na época das chuvas. A maior dificuldade, principalmente na época das chuvas, quando a força das águas aumenta consideravelmente, é conseguir nadar e olhar e sua direção pois o deslocamento de ar movido pela queda d'água faz com que a nuvem de água vire uma chuva horizontal muito forte. As rajadas de vento carregadas de água chegam a doer quando batem no corpo. A água do poço também ondula muito, fazendo grandes marolas que fazem os mais ousados engolir um pouco de água nas primeiras braçadas.
    A água é sempre gelada, como as águas de todas as cachoeiras da serra. Por isso nunca se deve nadar sozinho no poço.
    Na parte alta, as quedas que descem o canyon adentro formam grandes poços de águas bem tranquilas. Impossível não dar varios mergulhos em todos eles e observar os peixes que parecem já estar acostumados ao movimento.
    A vista da parte alta do canyon vai longe. Vê-se o rio descendo pelo seu leito no vale. Seguindo com os olhos o rio, encontra-se São José do Barreiro no meio do vale. A frente a serra da Babilônia e o canyon onde uma mineradora de diamantes tem autorização para cavar a terra atrás daquelas pedrinhas que ainda estão valendo mais do que a beleza daquele lugar.
    Alguma hora, a humanidade vai gastar muito mais do que esses diamantes para tentar, em vão, resgatar o pouco que restar de natureza.